Essa é a terceira parte de uma série de textos sobre investimento coletivo. Se você ainda não leu a segunda parte, confira esse artigo: “Crowdfunding: a gestão de riscos e o retorno exponencial dos investimentos coletivos“.
Como vimos na primeira parte desta série de textos, as plataformas são especializadas na intermediação das ofertas públicas de crowdfunding de investimento. Elas representam o elo entre os investidores e as empresas que estão captando.
Antes do marco regulatório (ICVM nº 588) publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em julho de 2017, existiam no mercado apenas 4 plataformas. Após a regulamentação, esse número tem crescido a cada mês resultando em um total de 26 plataformas registradas na CVM (última atualização em 27/11/2019).
No desenvolvimento de suas atividades, as plataformas assumem uma série de obrigações em relação às sociedades empresárias, aos investidores e às ofertas. Podemos destacar entre os principais deveres das plataformas:
- Assegurar que as empresas que queiram captar recursos por meio de seus serviços sejam regularmente constituídas, e que as informações por elas prestadas sejam verdadeiras, consistentes, corretas e suficientes, para permitir aos investidores uma tomada de decisão de investimento fundamentada;
- Garantir que o valor mobiliário emitido pela empresa esteja de acordo com o seu tipo societário, além de assegurar que os contratos de investimento garantam aos investidores alguns direitos essenciais previstos na regulamentação, especialmente em hipóteses de conversão de títulos ou de alienação do controle da sociedade;
- Manter serviço de atendimento ao investidor, responsável pelo esclarecimento de dúvidas e pelo recebimento de reclamações dos investidores, bem como de comunicações provenientes da CVM;
- Manter um fórum eletrônico de discussão para cada oferta de acesso restrito aos investidores destinatários da oferta em que seja possível encaminhar dúvidas, solicitar informações adicionais, manifestar opiniões a respeito da oferta ou da empresa, e interagir por meio eletrônico com os demais investidores.
Abaixo você encontra as plataformas mais relevantes do mercado brasileiro segregadas de acordo com o tipo de oferta (equity crowdfunding, real state, etc) e ordenadas de acordo com a data de autorização da CVM, ou seja, as primeiras plataformas de cada tópico foram as primeiras a receberem a autorização da CVM para exercerem a atividade.
As informações foram extraídas dos sites das plataformas no momento de produção desse texto.
Startups
1) EQSEED
Plataforma com mais de 29 mil membros, R$ 30.485.000,00 investidos em 24 empresas diferentes através de 30 rodadas. Entre as empresas podemos citar App Renda Fixa, Horus Aeronaves e Me Passa Aí. Segundo site, a plataforma possui um rígido processo de seleção que aprova menos de 1% das empresas analisadas. Nenhuma oferta disponível para captação.
2) STARTMEUP
Plataforma com R$ 11.570.000,00 investidos em 13 empresas, que incluem Lady Driver, Dr. Cannabis e Petitebox entre outras. Segundo o site, a plataforma investe dinheiro próprio em todas as ofertas disponibilizadas para captação. Uma oferta disponível: Origem.
3) BASEMENT (anterior KRIA)
Plataforma com 2.230 membros, R$ 29.483.200,00 investidos em mais de 73 captações, que incluem Pet Delícia, EasyCrédito, Cervejaria Leuven entre outras. Segundo o site há investimentos a partir de R$ 500,00. É necessário se cadastrar para ter acesso às ofertas que estão captando.
4) CAP TABLE (anterior CFG)
Plataforma com R$ 3.200.000,00 investidos em 4 empresas: Eirene Solutions, Trashin, Inbeauty e O Amor é Simples. Essa é a plataforma de investimento em startups da StartSe. Duas ofertas em rodada de investimento: Oak’s e InovaPictor.
Algumas plataformas não possuem captações realizadas porém possuem ofertas abertas a investimento: CLUSTER21, WIZTARTUP, LINKA INVEST.
Imobiliário
Vale lembrar que após a regulamentação, algumas empresas do setor também optaram por passar a operar sob a jurisdição do Banco Central do Brasil, realizando operações conhecidas como OAVs (Operações Ativas Vinculadas).
Nessa categoria, a submissão dos projetos e posterior captação de recursos é feita geralmente pela incorporadora. Os investidores irão financiar coletivamente um investimento imobiliário e em troca receberão uma parte do Valor Geral de Vendas (VGV) daquele empreendimento.
Dessa forma, as ofertas apresentam um potencial de retorno definido que gira em torno de 120% a 200% do CDI. É possível encontrar na maioria das plataformas um simulador de investimentos, onde o investidor preenche alguns dados como o valor investido, por exemplo, e tem uma noção do retorno projetado ao final do período.
5) URBE.ME
Plataforma com 5.102 investidores ativos, R$ 54.000.000,00 investidos em mais de 50 rodadas de captação. Três projetos em captação: Portinari Residence, Vitta Veiga Jardim e Perfetto Residencial.
6) GLEBBA
Plataforma com 144 investidores, R$ 4.480.000,00 investidos em 5 ofertas que incluem empreendimentos em Alagoas, Tocantins, São Paulo e Bahia. Duas ofertas em captação: Top Life Residencial (Cotia, São Paulo) e Casa Nova Eco Clube (Suzano São Paulo).
Diversos
7) INVESTWEB
Plataforma com R$ 851.000,00 investidos em 1 projeto: Residencial Marques de La Colina. Quatro ofertas abertas para captação: Parque das Vilas, Residencial Silva Jardim, Dr. Kids (startup de atendimento pediátrico home care) e Meu Delivery (sistema para delivery).
8) BLOXS
Plataforma que atua nos segmentos: imobiliário, de energia, de ativos judiciais, do agronegócio e comercial. Captou R$ 5.733.000,00 para 7 projetos em sua maioria do setor imobiliário. Na área de energia podemos destacar o Terra do Sol e na área comercial o Réveillon Jeri 2020. Uma oferta aberta para captação: Agroflorestal Eucalipto I.
9) INCO INVESTIMENTOS COLETIVOS
Plataforma com 1.004 investidores ativos, R$ 9.708.000,00 captados em 17 projetos dos segmentos imobiliário, locação de veículos e telecomunicações, como o Vamos Telecom Senador Canedo. Uma oferta aberta para captação: Torre del Trentino.
10) HURST (anterior CITYFUND)
Plataforma focada em ativos judiciais (precatórios) e empresariais (recebíveis). Captou R$ 20.303.548,00 em 18 ofertas das quais 17 estão em andamento e 1 (recebíveis de vendas de etanol) já foi liquidada com lucro. Duas ofertas abertas para captação: Precatório Estadual do Rio de Janeiro e Precatório Federal.
11) UPANGEL
A plataforma se divide em duas: Upangel para investimento em startups e Upimobi para investimentos no setor imobiliário. Captou R$ 800.000,00 em 3 ofertas, todas startups: Biosensing, Adsrock e BabyPass. Uma oferta aberta para captação: Alfred.
12) PLATTA
Além de investimentos em startups a plataforma apresenta projetos imobiliários e de energia. Captou R$ 550.000,00 em duas ofertas: Projeto Compostar Curitiba e CGH Bortoloso (energia). Nenhuma oferta disponível para captação.
A ORGANISMO EQUITY CROWDFUNDING é uma plataforma que não captou mas possui 3 ofertas abertas para captação: Antecipa Fácil, Cubi Energia e Everlog.
Bônus
Para saber sobre as ofertas disponíveis no mercado vale a pena assinar as newsletters das plataformas. Essa é uma forma de receber as novidades sobre as ofertas no seu e-mail, além de conteúdos educativos, sem precisar ficar entrando em cada uma delas em busca de oportunidades.
O ideal seria um buscador de ofertas capaz de trazer as principais informações e permitir que o investidor tenha uma visão geral do mercado. Assim como todo mundo utilizada um buscador em busca do voo mais adequado, por que não utilizar um buscador em busca da oferta mais adequada?
Quer saber mais sobre como o Brasil se posiciona nesse mercado em relação aos mercados mundiais, confira esse artigo: “O Brasil e o mercado mundial de crowdfunding“.
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E não perca a continuação dessa série de textos sobre investimento coletivo, onde você terá a oportunidade de acompanhar o passo-a-passo de um investimento em startup através de uma plataforma eletrônica.
Até lá!
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